O sucateamento da educação, e a incrível geração de apertadores de parafuso!


Não é de hoje que a educação me preocupa. Ela vem numa ladeira galopante, e sabemos que a carroça está sem freios. Se a carroça vai desmontar no caminho, ou se ela vai chocar com um muro no final, não sabemos. Mas sabemos que há descida, e ela está sem freio.
A geração da minha mãe fazia magistério, e era um orgulho para as meninas se tornarem professoras. Na minha geração, poucas faziam magistério, mas em Rio Claro, a escola que oferecia esse curso era uma das melhores da cidade, então, muitas das meninas tendiam para esse estilo de colegial. Hoje, não ouço mais falar sobre ser professor, ou melhor, raríssimas vezes encontro alguma pessoa que diz querer dar aula. E o comentário pós essa afirmação é sempre algo do tipo: "é, sou doida mesmo".

Minha mãe, tia e primas derão ou dão aula. As histórias em classe são de arrepiar os cabelos, sempre. E uma história que vira e mexe é dita é a seguinte: "tive que passar o fulano, e ele mal sabe ler", "não posso repetir o ciclano, porque ele tem caderno", "tenho medo de enviá-lo para a diretoria porque a mãe pode vir atrás de mim depois da aula". Concorda que não tá normal? Que passar aluno de ano sem que ele saiba ler e escrever, vai formar uma geração de apertadores de parafuso? Lembra do Chaplin? É disso que eu sempre me lembro quando penso na educação no Brasil. Me entristece e me preocupa muito. 

Ai lembro da Universidade pública que fiz, e sinto muita dó. Dó porque sei que está às traças. Dó porque sei que alguns dos professores que ainda lecionam contam os dias para a sua aposentadoria, e consequentemente oferecem o seu conhecimento mais raso para os alunos. Dó porque os laboratórios são antigos, os prédios estão caindo e as salas de aula nunca foram tecnológicas (área de humanas e biológicas, pelo menos). 

Ai penso, que se não for pela greve, como é que vamos exigir melhores condições? Se não for pelo povo, como é que vamos tentar forçar uma melhoria? Greve é um direito e deveria mobilizar a todos, diante de um governo tão cego e inconsequente que temos. A nossa arma vai ser sempre a educação, e se estivermos formando uma maioria analfabeta, logo não teremos como lutar. E sem essa que é a melhor arma, como faremos?  Fico pensando no que eu localmente posso fazer pela educação da minha cidade, da escola do meu bairro, e as vezes me sinto minúscula diante de tudo isso. Mas se todos fizermos, seremos mais fortes, teremos mais argumentos, e a nossa arminha vai virar uma bazuca. O que você pode fazer para que a geração de Chaplins pare de apertar parafusos compulsivamente, e pense que ele pode fazer algo melhor? Deveríamos nos mobilizar também, de algum jeito. E eu ainda vou arranjar algum jeito de fazer a minha parte.

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